É incrível ver como a cultura e as tradições locais se refletem nas habilidades dos artesãos e na diversidade de técnicas e materiais utilizados. A nova plataforma digital "Artesanato do Maranhão" é uma iniciativa valiosa para valorizar e divulgar o trabalho desses talentosos profissionais. O mapeamento realizado é realmente impressionante e certamente contribuirá para preservar e promover a rica cultura artesanal da região.
São João e artesanato possuem um vínculo forte.
Indumentárias, instrumentos musicais e ele, o Boi, são criados pelo talento e
habilidade de centenas de artesãos maranhenses. E para mostrar as artes do
Bumba Meu Boi, do Tambor de Crioula e muitas outras, a plataforma digital Artesanato
do Maranhão (www.artesanatodomaranhao.com.br) torna-se pública, de acesso livre e gratuito, no último dia 20 de
junho, sob as bênçãos dos santos do mês: Antônio, João, Pedro e Marçal.
Ela traz o
registro de 4.736 artesãos, seus produtos, as técnicas e os materiais
que utilizam. Também apresenta informações sobre os municípios e os povoados
onde vivem – dentre eles 28 aldeias indígenas e 274 comunidades quilombolas.
Trata-se do maior mapeamento de artesanato já realizado no país.
Além dos registros, a plataforma contém 43 mil imagens, 200 mini vídeos, gráficos e um conteúdo inédito como glossário de termos e medidas utilizados pelos artesãos, além de uma série de textos ilustrados sobre os destaques do artesanato maranhense.
É possível
fazer buscas por artesão,
cidade, povoado, produto, tipologia, material, técnica, bioma, gênero. O
sistema também permite cruzar informações, identificando, por exemplo, quais
produtos do Bumba Meu Boi são bordados à máquina ou quais os povoados produzem
cerâmica ou ainda quais artesãos utilizam a carnaúba, linho de buriti, material
reaproveitado etc.
O mapeamento
dos artesãos foi iniciado em 2017 pelo projeto Mapearte e foi viabilizado com patrocínio
da Vale e parceria do Governo do Maranhão.
A equipe de
pesquisa de campo, formada por pesquisadores maranhenses, percorreu mais de 2
mil povoados. Em 1.311 desses povoados foram encontrados artesãos em
atividade, que produzem regularmente ou aceitam encomendas. Mais de 23 mil
produtos estão registrados na plataforma, além de 3.600 distintos
materiais (são mais de 400 madeiras, 90 tipos de cipós...) e 217
técnicas de execução. Há um universo para ser conhecido e agora ele pode
ser acessado de maneira muito fácil.
A plataforma é uma vitrine para os artesãos e procura facilitar o contato com eles, cada um tem sua página com endereço, contato e produtos, além das imagens. Todo o conteúdo disponível pode receber acréscimos e atualizações facilmente e a partir de agora artesãos, o público e gestores municipais também podem contribuir, mantendo o dinamismo da informação.
Os povoados também têm sua página na
plataforma, assim como os 91 municípios, destacando o contexto em que o artesanato
é produzido. Há informações sobre acesso, principais características, imagens e
os artesãos que moram ali. Muitos povoados são especializados em certo tipo de
artesanato, outros reúnem grande quantidade de artesãos, outros ainda são
residência de uma especialista ou de um artista... A cultura, o modo de vida e
as paisagens de um interior desconhecido, tornam-se mais acessíveis.
O artesanato maranhense tem um vínculo forte com o
território. A vegetação, as águas com suas possibilidades de pesca, a
cultura das comunidades, as brincadeiras e os festejos favorecem e demandam a
atividade constante dos artesãos. É a utilização do artesanato pela população que
vem garantindo sua permanência, apesar de gerar uma renda ainda muito modesta
para quem faz. A produção artesanal do Maranhão se desenvolve nos principais
biomas brasileiros – Amazônia e Cerrado –, utilizando materiais como as
fibras vegetais, os cipós, as madeiras e as argilas, entre outros.
“A extensão
do artesanato no Maranhão impressiona. É possível dizer que ele é a expressão cultural mais presente
no estado. É uma riqueza que vem do interior, uma microeconomia verde,
sustentável, que também preserva conhecimentos tradicionais e técnicas que já
se perderam em outras regiões. É um universo que precisa ser reconhecido,
essa pauta está na ordem do dia em âmbito global. A plataforma foi pensada para
trazer visibilidade a tudo que o artesanato representa, evidenciando também a qualidade
e o bom design”, destaca a historiadora Paula Porta, que concebeu e coordenou o
mapeamento e a criação da plataforma.
O mapeamento realizado é inédito no país, pois atua com equipes rastreando territórios, indo de povoado em povoado, chegando a lugares distantes e desconhecidos, mas que guardam riqueza cultural e muito conhecimento. Nenhum estado possui o que está sendo apresentado para o Maranhão.
A plataforma traz também um mapa dinâmico com a
localização das cidades e de todos os povoados – muitos deles não aparecem em
nenhum outro mapa. Gráficos favorecem a rápida visualização dos produtos
predominantes no estado, em cada cidade e em cada povoado.
Outro conteúdo criado especialmente para a plataforma são os textos ilustrados sobre tipologias, produtos ou materiais que
se destacam no conjunto da produção maranhense. Foram escritos para guiar e incentivar o usuário a
descobrir, navegando na plataforma ou in loco, as riquezas desse
artesanato. Miniaturas de embarcações, tambores,
redes de dormir, cerâmicas, armadilhas de pesca, artes do Bumba Meu Boi, vassouras,
carros de boi e produtos de babaçu, entre inúmeros outros, se sobressaem pela
diversidade, qualidade, peculiaridade e quantidade de artesãos a eles dedicados.
Um glossário, também inédito, reúne 167 termos utilizados pelos
artesãos para falar de seu trabalho e explica seu significado local. Esse rico vocabulário
refere-se a produtos, técnicas, materiais e medidas. Zitinho, coito, medonho,
por exemplo, são termos usados para indicar tamanho ou medida. Já a palmeira do
babaçu é mencionada também como pindova, pindoba, capoteira, caçoteira,
palmiteira, coco manso e coco de macaco. Nomes de produtos como choque,
urupema, cofo, mensaba, quibane e landruá, que talvez não sejam conhecidos fora
do Maranhão, agora serão.
O mapeamento
contou também com a assessoria técnica do pesquisador da cultura maranhense
Jandir Gonçalves. Ele enfatiza a diversidade de tipologias que foram
encontradas (são 59), que vão dos excepcionais bordados do Bumba Meu Boi aos
trançados com as folhas das diversas palmeiras que caracterizam a paisagem
maranhense. Também chama atenção para as técnicas que estão se perdendo, como a
louça com queima a céu aberto. “O que está sendo revelado pelo mapeamento pode
estimular a valorização e o consumo, de forma a salvaguardar a intérmina lista
de saberes e fazeres maranhenses”, afirma.
O vasto conteúdo da plataforma é valioso para quem deseja encomendar
produtos (lojistas ou consumidores), para quem quer conhecer mais sobre a
cultura material e as paisagens do interior; e também para o desenvolvimento de
ações de fomento e de políticas públicas de apoio, que o artesanato requer com
urgência.
Os artesãos do Maranhão merecem ser conhecidos e
reconhecidos!
Instagram: https://www.instagram.com/artesanatodomaranhao/#
(21) 99955 4447
Ficha técnica
Concepção, gestão e consolidação de conteúdos - Paula Porta
Vale
Parceria
Governo do Maranhão
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