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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Crônica Nº Zero

Aguardo...Vício...Vida...
Quinta-feira, Maio 31, 2007
por: 
Geísa Suzane

"Minh'alma de sonharte anda perdida/ Os meus olhos andam cegos de te ver/ Não es sequer razão do meu viver, pois que tu já és toda minha vida/Não vejo nada assim enlouquecida/Passo ao mundo meu amor a lê/ No misterioso livro do teu ser a mesma historia tantas vezes lida/ Tudo no mundo é frágil/Tudo passa, mas quando me dizes-isso, toda graça! Uma boca divina fala em mim!/E com os olhos postos em ti, digo de rastros./ Ah! Podem voar mundos, morrer astros, que tu és como Deus, Principio e Fim." Florbela Espanca

Não importa o que os outros pensam. Eu repenso a tragédia de ser acometida pelo destino e que moço afoito ele é! Ele que trouxe, pela mão, a figura do passado e só para me mostrar que nem tudo tem tempo certo, mas tem seu tempo.
Destino... Acaso... Sina... Sabe-se lá o quê.

Escrevo esta que nem sei será carta ou certidão de insanidade aflorada pela re-paixão. Não ando sabendo das coisas nos últimos meses, e tem sido bom assim. A sensação de estar vazia e ir preenchendo espaços de mim, como se andasse pelos corredores de um supermercado emocional e das prateleiras retirasse somente os produtos que me interessam, colocando-os dentro do peito. Refazendo-me por gosto e gostar.

Esta eu escrevo com fé em tudo o que me comove: ar, água, fogo e terra. Filha que sou dos elementos, amiga íntima dos delírios. Prima indigesta da estagnação. Meu espírito integrado à ilegalidade que há no romantismo. E bem neste momento no qual a individualidade tornou-se egoísmo latente. Bem neste momento quero beijo, o enlace das mãos. Bem neste momento, quando deveria estar me comportando adultamente, pendurando roupas que não gosto nos cabides e amarrando os cabelos (dos quais sempre gostei soltos) como se escondesse por debaixo do lenço os mais veementes sonhos... Bem neste momento ele chega e desanda as regras de proteção e resignação e me empresta a paixão, coloca o doce na minha língua e me faz acreditar ser possível... Não, não falo do príncipe encantado. Nunca fui de acreditar nele. Falo da pessoa. Carne, ossos, sangue, alma, sentimentos. Às vezes, um punhado de problemas a serem resolvidos em uma das mãos, mas na outra: leveza ao sorrir. Cumplicidade com o afeto. Sempre me conquista quem desperta em mim o desejo pelo abraço.

Apesar de tentar afugentar a sensação de abandono, ah, ela que dá em cima de mim, cavalheiro venenoso. Sinto-me tão frágil na minha luta despachada. Joana D'Arc balançando os pés na água do rio um pouco antes de ser jogada à fogueira. Temo o que virá e ao mesmo tempo, quero que o que virá venha logo. Pois a aflição maltrata, sabe? Além do mais, aprendi a sentir falta da figura e da voz e da presença. E à saudade...

Saudade. Não te darei apelidos... Aguardo tuas palavras serem sussurradas no meu ouvido. Aguardo os fins de tarde que passará ao meu lado, observando a vida, antes de transformá-la em poesia e música. Aguardo a calmaria da tua paciência e o despertar da paixão em discussões estratégicas e passionais. Aguardo a sua vigília que, em parceria com a minha, acredita na possibilidade de se cultivar felicidade. Vício. Vida.

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