Evento reuniu gestores, artesãos e convidados para celebrar a requalificação do espaço, as histórias do bairro Madre Deus e o legado do artesanato maranhense.
O Centro de Comercialização de
Produtos Artesanais do Maranhão (CEPRAMA) completou 36 anos de portas abertas à
arte, à cultura e às mãos que moldam a identidade maranhense. A comemoração,
realizada na segunda-feira (20), foi marcada por emoção, memória e reencontros
— um dia de olhar para o passado com gratidão e para o futuro com esperança.
Logo na abertura, o som
contagiante do bloco tradicional “Os Guardiões” deu o tom da festa. Entre
aplausos e sorrisos, o gestor do Ceprama, Silvério Júnior, o “Boscotô”,
surpreendeu o público ao cantar um samba intitulado “Ceprama”, do compositor
Cristovão Alô Brasil. A canção, que fala de amor à casa e ao artesanato,
envolveu a todos em um clima de pertencimento e afeto.
O coordenador de Projetos
Especiais do Ceprama, Jorge Beckman, emocionou ao destacar a importância da
parceria entre o Centro e a Secretaria de Estado do Turismo (SETUR-MA). “Temos
que agradecer ao Ceprama e à SETUR-MA, que nos dão sustento e significado.
Trabalhar com turismo é olhar para além do que se vê. E o que se vê aqui é
integração, modernidade e muito amor por essa casa”, afirmou.
Entre lembranças, Jorge
Beckman também resgatou a história da antiga fábrica de cânhamo que funcionava
onde hoje está o Ceprama. “Essas paredes guardam o suor e a resistência de
gerações que ajudaram a construir o que somos hoje”, lembrou.
O professor e presidente do
Conselho Cultural da Madre Deus, Jorge Coutinho, reforçou o papel do bairro
como berço da cultura maranhense. “A Madre Deus é o coração pulsante da nossa
identidade. E o Ceprama é parte viva dessa história”, disse, arrancando
aplausos do público.
Em meio às falas e lembranças,
a artesã Lúcia Franco, que trabalha no Ceprama há 35 anos com biojoias, deu um
depoimento carregado de emoção. “O artesanato é vida. Trabalhar com ele é uma
bênção. Quando as pessoas visitam o Maranhão e passam pelo Ceprama, elas levam
mais do que uma peça, levam uma lembrança materializada da nossa cultura, um
pedacinho da gente”, contou, com brilho nos olhos a representação de gerações
de artesãos que ajudam a manter viva a alma do espaço.
O advogado Guilherme Soares
trouxe um olhar técnico e humano ao falar sobre os direitos previdenciários dos
artesãos. “Garantir a previdência é garantir dignidade a quem vive de arte e
tradição”, destacou.
Já a representante da
Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), Flávia Almeida, reforçou o
papel da economia solidária participativa e deixou seus contatos disponíveis
para continuar apoiando os artesãos maranhenses.
Enquanto as falas aconteciam,
o público circulava entre as bancas da exposição e comercialização de produtos,
a essência viva do Ceprama. Uma visitante, Alessandra Carvalho, contou que
ouviu sobre o evento no rádio e decidiu revisitar o espaço que marcou sua
infância. “Fiquei emocionada. Encontrei o Ceprama mais bonito, cheio de vida. E
claro, saí com um artesanato nas mãos”, relatou sorrindo.
Durante o evento, foi
inaugurado o novo auditório do Ceprama, totalmente reformado e requalificado,
oferecendo agora um ambiente moderno e confortável para palestras,
apresentações e encontros culturais.
A inauguração foi marcada
também por uma apresentação teatral de artistas do município de Cantanhede, que
encenaram o cotidiano da roça em uma performance leve e emocionante. O público
se encantou com o enredo simples e cheio de significados, que resgatou as
raízes do interior maranhense e reforçou o vínculo entre o campo e o
artesanato.
Entre os homenageados,
destaque para Terezinha de Jesus Amorim, moradora histórica da Madre Deus e
poetisa, que recebeu um certificado de honraria. “Quando eu me entendi, o Ceprama
era uma fábrica de fiação e selagem, um lugar pequeno, mas cheio de vida e
trabalho. Hoje, encontro um espaço alegre, com muita gente produzindo arte. É
motivo de orgulho ver minha terra valorizada dessa forma”, emocionou-se
Terezinha.
Outro ponto alto foi a
exposição fotográfica “Retratos da Ancestralidade”, da fotógrafa e publicitária
Ângela Angelotti, de São Paulo. Em cartaz até o dia 27, a mostra reúne imagens
de 26 comunidades quilombolas de Cantanhede (MA), revelando o encontro entre
gerações e o diálogo entre tradição e modernidade. “Quis mostrar o novo e o
velho, quem guarda e quem renova a tradição”, explicou Angelotti.
A mostra é uma realização da
Coordenação Estadual do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB Maranhão), em
parceria com a Prefeitura de Cantanhede. “A exposição reafirma o compromisso
conjunto do Ceprama, do PAB Maranhão e do município de Cantanhede com a
valorização da ancestralidade e das expressões culturais maranhenses”, afirmou
Rosângela Ludovico, secretária de Igualdade Racial de Cantanhede.
O presidente do Sindicato dos
Guias de Turismo do Maranhão (SINGETUR-MA), André Martins, também destacou o
papel do Ceprama para o turismo. “O Ceprama é um espaço de grande importância
para o turismo no Maranhão. Aqui, os artesãos produzem, comercializam e
apresentam manifestações culturais. É um dos lugares que mais encantam os
visitantes e reforçam a valorização do nosso artesanato e da nossa cultura.”
Na mesa de abertura, estiveram
presentes, o subsecretário da SETUR-MA Luiz Thadeu, o gestor do Ceprama, Silvério
Júnior, o secretário de Governo (SEGOV), Márcio Machado, o presidente da
Fundação da Memória Republicana Brasileira, Kécio Rabelo e a gestora da SEGOV,
Giesta Nogueira.
Encerrando a programação, o
secretário adjunto de Turismo, Ruan, representando a secretária Socorro Araújo (Setur-MA),
destacou o avanço da gestão. “O Ceprama é símbolo de requalificação e
integração. Desde que a professora Socorro assumiu, muita coisa mudou, e mudou
para melhor. Tudo aqui foi feito com esforço coletivo, como o turismo deve
ser”, afirmou.
O fim de tarde foi embalado
por um coffee break e pela beleza do pôr do sol, um dos mais encantadores do
Centro de São Luís, visto das varandas do Ceprama. Entre risadas, fotos e
abraços, ficou a sensação de que a casa segue viva, pulsante, aberta ao novo.
E para quem quiser reviver
essa energia, o convite está feito: a edição de outubro do “Vila Arte –
MaranhenCidades” foi celebrada junto com o aniversário do Ceprama, e a próxima
edição acontece no dia 29 de novembro. O evento encerra as comemorações dos 36
anos do Ceprama com música, gastronomia, arte e o pôr do sol mais bonito da
cidade, um verdadeiro encontro de sabores, sons e cores maranhenses, do jeito
que o Ceprama sabe celebrar. O Ceprama é localizado na Rua São Pantaleão, nº
1322, Bairro Madre Deus, São Luís – MA.
Texto e fotos: Geíza Batistta
– Assessora de comunicação do Ceprama/Setur-MA
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