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terça-feira, 21 de outubro de 2025

36 anos do CEPRAMA: tradição, turismo e novas histórias na Madre Deus

 


Evento reuniu gestores, artesãos e convidados para celebrar a requalificação do espaço, as histórias do bairro Madre Deus e o legado do artesanato maranhense.

 

O Centro de Comercialização de Produtos Artesanais do Maranhão (CEPRAMA) completou 36 anos de portas abertas à arte, à cultura e às mãos que moldam a identidade maranhense. A comemoração, realizada na segunda-feira (20), foi marcada por emoção, memória e reencontros — um dia de olhar para o passado com gratidão e para o futuro com esperança.

 

Logo na abertura, o som contagiante do bloco tradicional “Os Guardiões” deu o tom da festa. Entre aplausos e sorrisos, o gestor do Ceprama, Silvério Júnior, o “Boscotô”, surpreendeu o público ao cantar um samba intitulado “Ceprama”, do compositor Cristovão Alô Brasil. A canção, que fala de amor à casa e ao artesanato, envolveu a todos em um clima de pertencimento e afeto.

 

O coordenador de Projetos Especiais do Ceprama, Jorge Beckman, emocionou ao destacar a importância da parceria entre o Centro e a Secretaria de Estado do Turismo (SETUR-MA). “Temos que agradecer ao Ceprama e à SETUR-MA, que nos dão sustento e significado. Trabalhar com turismo é olhar para além do que se vê. E o que se vê aqui é integração, modernidade e muito amor por essa casa”, afirmou.

 

Entre lembranças, Jorge Beckman também resgatou a história da antiga fábrica de cânhamo que funcionava onde hoje está o Ceprama. “Essas paredes guardam o suor e a resistência de gerações que ajudaram a construir o que somos hoje”, lembrou.

 

O professor e presidente do Conselho Cultural da Madre Deus, Jorge Coutinho, reforçou o papel do bairro como berço da cultura maranhense. “A Madre Deus é o coração pulsante da nossa identidade. E o Ceprama é parte viva dessa história”, disse, arrancando aplausos do público.

 

Em meio às falas e lembranças, a artesã Lúcia Franco, que trabalha no Ceprama há 35 anos com biojoias, deu um depoimento carregado de emoção. “O artesanato é vida. Trabalhar com ele é uma bênção. Quando as pessoas visitam o Maranhão e passam pelo Ceprama, elas levam mais do que uma peça, levam uma lembrança materializada da nossa cultura, um pedacinho da gente”, contou, com brilho nos olhos a representação de gerações de artesãos que ajudam a manter viva a alma do espaço.

 

O advogado Guilherme Soares trouxe um olhar técnico e humano ao falar sobre os direitos previdenciários dos artesãos. “Garantir a previdência é garantir dignidade a quem vive de arte e tradição”, destacou.

 

Já a representante da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), Flávia Almeida, reforçou o papel da economia solidária participativa e deixou seus contatos disponíveis para continuar apoiando os artesãos maranhenses.

 

Enquanto as falas aconteciam, o público circulava entre as bancas da exposição e comercialização de produtos, a essência viva do Ceprama. Uma visitante, Alessandra Carvalho, contou que ouviu sobre o evento no rádio e decidiu revisitar o espaço que marcou sua infância. “Fiquei emocionada. Encontrei o Ceprama mais bonito, cheio de vida. E claro, saí com um artesanato nas mãos”, relatou sorrindo.

 

Durante o evento, foi inaugurado o novo auditório do Ceprama, totalmente reformado e requalificado, oferecendo agora um ambiente moderno e confortável para palestras, apresentações e encontros culturais.

 

A inauguração foi marcada também por uma apresentação teatral de artistas do município de Cantanhede, que encenaram o cotidiano da roça em uma performance leve e emocionante. O público se encantou com o enredo simples e cheio de significados, que resgatou as raízes do interior maranhense e reforçou o vínculo entre o campo e o artesanato.

 

Entre os homenageados, destaque para Terezinha de Jesus Amorim, moradora histórica da Madre Deus e poetisa, que recebeu um certificado de honraria. “Quando eu me entendi, o Ceprama era uma fábrica de fiação e selagem, um lugar pequeno, mas cheio de vida e trabalho. Hoje, encontro um espaço alegre, com muita gente produzindo arte. É motivo de orgulho ver minha terra valorizada dessa forma”, emocionou-se Terezinha.

 

Outro ponto alto foi a exposição fotográfica “Retratos da Ancestralidade”, da fotógrafa e publicitária Ângela Angelotti, de São Paulo. Em cartaz até o dia 27, a mostra reúne imagens de 26 comunidades quilombolas de Cantanhede (MA), revelando o encontro entre gerações e o diálogo entre tradição e modernidade. “Quis mostrar o novo e o velho, quem guarda e quem renova a tradição”, explicou Angelotti.

 

A mostra é uma realização da Coordenação Estadual do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB Maranhão), em parceria com a Prefeitura de Cantanhede. “A exposição reafirma o compromisso conjunto do Ceprama, do PAB Maranhão e do município de Cantanhede com a valorização da ancestralidade e das expressões culturais maranhenses”, afirmou Rosângela Ludovico, secretária de Igualdade Racial de Cantanhede.

 

O presidente do Sindicato dos Guias de Turismo do Maranhão (SINGETUR-MA), André Martins, também destacou o papel do Ceprama para o turismo. “O Ceprama é um espaço de grande importância para o turismo no Maranhão. Aqui, os artesãos produzem, comercializam e apresentam manifestações culturais. É um dos lugares que mais encantam os visitantes e reforçam a valorização do nosso artesanato e da nossa cultura.”

 

Na mesa de abertura, estiveram presentes, o subsecretário da SETUR-MA Luiz Thadeu, o gestor do Ceprama, Silvério Júnior, o secretário de Governo (SEGOV), Márcio Machado, o presidente da Fundação da Memória Republicana Brasileira, Kécio Rabelo e a gestora da SEGOV, Giesta Nogueira.

 

Encerrando a programação, o secretário adjunto de Turismo, Ruan, representando a secretária Socorro Araújo (Setur-MA), destacou o avanço da gestão. “O Ceprama é símbolo de requalificação e integração. Desde que a professora Socorro assumiu, muita coisa mudou, e mudou para melhor. Tudo aqui foi feito com esforço coletivo, como o turismo deve ser”, afirmou.

 

O fim de tarde foi embalado por um coffee break e pela beleza do pôr do sol, um dos mais encantadores do Centro de São Luís, visto das varandas do Ceprama. Entre risadas, fotos e abraços, ficou a sensação de que a casa segue viva, pulsante, aberta ao novo.

 

E para quem quiser reviver essa energia, o convite está feito: a edição de outubro do “Vila Arte – MaranhenCidades” foi celebrada junto com o aniversário do Ceprama, e a próxima edição acontece no dia 29 de novembro. O evento encerra as comemorações dos 36 anos do Ceprama com música, gastronomia, arte e o pôr do sol mais bonito da cidade, um verdadeiro encontro de sabores, sons e cores maranhenses, do jeito que o Ceprama sabe celebrar. O Ceprama é localizado na Rua São Pantaleão, nº 1322, Bairro Madre Deus, São Luís – MA.

 

Texto e fotos: Geíza Batistta – Assessora de comunicação do Ceprama/Setur-MA

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