A crise no sistema de saúde de São Luís, evidenciada desde o último fim de semana pela falta de alimentação e medicamentos no Hospital Municipal Clementino Moura, o Socorrão II, repercutiu fortemente em toda a sociedade. A reação unânime dos cidadãos confrontados com fato tão grave foi de indignação. Para piorar, não há qualquer perspectiva de que o problema será resolvido, uma vez que a gestão do prefeito João Castelo (PSDB) está no fim e não se percebe interesse em saldar compromissos com fornecedores, situação que gerou a interrupção da distribuição de comida e remédios ao hospital.
A crise desencadeada no Socorrão II não deixa dúvida de que a precariedade do hospital chegou ao limite. Se antes o problema mais grave era a superlotação, o que obrigava as equipes médicas a acomodar muitos pacientes nos corredores, em condições subumanas, agora, enfermos, acompanhantes e funcionários amargam a escassez de itens básicos para a rotina hospitalar. Sem refeições, medicamentos e materiais como gaze, esparadrapo e algodão, a unidade de saúde perdeu muito da sua capacidade de salvar vidas.
A Prefeitura de São Luís costuma alegar que a saturação dos hospitais de urgência e emergência da rede municipal de saúde se deve, em grande parte, à expressiva demanda de pacientes vindos de outras cidades do Maranhão. Essa verdadeira romaria de enfermos que se deslocam para a capital todos os dias já é uma situação antiga, que sugere que os gestores do interior não estão cumprindo a contento o dever constitucional de oferecer saúde aos cidadãos. Pelo tempo que o problema ocorre, já passou da hora de as autoridades dos Três Poderes se mobilizarem para combatê-lo. inclusive punindo os prefeitos que não justificarem de forma inequívoca como aplicaram os recursos repassados para ações na área médica. O Governo do Estado já faz a sua parte com o programa Saúde é Vida.
A falta de recursos que compromete a rotina do Socorrão II já começa a se refletir em outras unidades de saúde do Município. No Hospital Municipal Djalma Marques, o Socorrão I, a crise já pode ser sentida, também com o racionamento de comida e escassez de medicamentos, conforme denunciam pacientes e funcionários. No Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), cujos socorristas estão em greve há mais de um mês, as refeições deixaram de ser servidas desde o último domingo aos plantonistas. O fornecimento de combustível e os serviços e manutenção mecânica nas ambulâncias foram suspensos por falta de pagamento aos respectivos prestadores. As unidades mistas de saúde da capital, administradas pela prefeitura, passam pelos mesmos problemas.
Diante do quadro caótico, organismos que atuam na defesa dos direitos humanos e o Ministério Público Estadual já começam a se movimentar em busca de uma solução para o problema. Em meio à desordem financeira e aos reflexos da crise para o atendimento aos pacientes, a providência mais cabível é uma ação judicial, que deve ser formulada de modo a propor punição rigorosa aos responsáveis pelo desmonte. O Sindicato dos Servidores Municipais de São Luís, por sua vez, vai buscar a via do diálogo com a administração municipal, em reunião agendada para hoje à tarde com a cúpula da Secretaria de Saúde (Semus).
O que se espera é que o prefeito eleito Edivaldo Holanda, que assumirá o cargo em 1º de janeiro de 2013, seja capaz de superar as dificuldades que hoje praticamente inviabilizam o sistema de saúde municipal. O empenho do novo gestor será fundamental, já que o governo do prefeito Castelo, ao que tudo indica, terá um fim melancólico (Fonte: Daniel Matos/ O Estado do Maranhão).
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