Com a problemática do descarte dos resíduos sólidos em todo país, São Luís busca modelos diferenciados para a reciclagem, por meio de centros de triagens de materiais para a comunidade ou empresas na capital
A coleta seletiva é uma das alternativas mais simples e eficaz para a problemática da poluição ambiental em nossa cidade, pois o lixo ao ser jogado nas ruas de qualquer forma contamina o solo e pode até causar doenças. Mesmo o lixo orgânico quando depositado de forma inadequada pode ser altamente poluente do ar, do solo e da água, além de propiciar o desenvolvimento de bactérias e outros organismos transmissores de doenças.
De acordo com a bióloga e doutoranda em saúde coletiva, Isabela Mendonça, o lixo orgânico e o biodegradável têm a capacidade de se decompor mais facilmente enquanto o lixo inorgânico quando jogado na natureza pode levar milênios, um exemplo disso são baterias de celular que se não forem descartadas corretamente demoram milhares de anos para se decompor, reforçando assim a importância da coleta seletiva.
A especialista explica que uma vez que não há a coleta seletiva e todo o lixo é depositado nos lixões, diretamente no solo pode incidir negativamente na saúde da população maranhense.
“Uma vez que o lixo é deixado a céu aberto, os resíduos que ao longo do tempo entra em estado de putrefação atraindo uma série de animais como urubus, ratos, insetos, sendo alguns destes vetores de diversas doenças. Outro detalhe que não podemos deixar de comentar é a cerca do chorume que escorre desse montante de lixo e acaba por infiltrar no solo contaminando os lençóis freáticos”, disse a bióloga.
A bióloga afirma que a coleta seletiva traz como benefícios à população a possibilidade de geração de renda com a reciclagem e a redução dos resíduos que serão destinados aos aterros prolongando a vida útil destes. Porém, ela chama a atenção, que para acontecer à coleta deve haver uma logística necessária para dar suporte a esse processo, ou seja, se não existem os centros de triagens de resíduos para receber esse material e direcionar as empresas recicladoras, não tem como implantar a coleta seletiva.
Segundo Isabela ao contrário do que muitas pessoas pensam a coleta seletiva não é a única solução para os problemas relativos aos resíduos, uma vez que a reciclagem em si é um processo produtivo, por mais que não utilize os recursos naturais como matéria prima gera resíduos ao longo da produção de novos produtos.
“Concomitante, a coleta seletiva, a reciclagem e a redução no consumo é uma solução em longo prazo, permanente e com ótimos resultados por favorecer a redução nos resíduos gerados na população” finalizou a especialista.
Alternativas
A Cooperativa de Gestão de Resíduos Sólidos da Microrregião do anjo da Guarda (COOPGEST) é resultado de um trabalho realizado com o apoio do SEBRAE-MA e com participação direta da comunidade do bairro Anjo da guarda.
Segundo Presidente da COOPGEST Melquisedeque Marins, a iniciativa iniciou no segundo semestre de 2011, com capacitação técnica das pessoas envolvidas através de cursos e oficinas nas diversas áreas como empreendedorismo, técnica de vendas, relações interpessoais, associativismo, cooperativismo e educação ambiental entre outros. O presidente relata que depois das capacitações, começaram o trabalho de mobilização e conscientização da comunidade através de divulgação sobre a coleta seletiva, com a entrega de folders, carro de som e as visitas aos domicílios. Em seguida ocorreram todos os trâmites legais para a constituição da cooperativa.
De acordo com o presidente, após a formalização, a cooperativa contou com o apoio da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) que disponibilizou um caminhão basculante e dois agentes de limpeza para a coleta seletiva, o apoio durou 32 semanas, durante as quais a COOPGEST conseguiu atingir 20 logradouros e beneficiar cerca de mil famílias.
Melquisedeque Marins citou alguns dos objetivos específicos que os cooperados buscam com os serviços realizados na cooperativa como desenvolver um conjunto de atividades ambientais e socioeconômicas, reunidos, encadeados e definidos a partir da composição das necessidades dos serviços públicos e privados, o aproveitamento constante de mão-de-obra, a produção de ecoprodutos pela própria comunidade, e assim gerar trabalho e crescimento preservando, defendendo e conservando o meio ambiente e promover o desenvolvimento sustentável.
Além de todos os objetivos a COOPGEST, agrega valor aos resíduos coletados e consequentemente o aumenta a receita de seus cooperados, promove a ética, a paz e o respeito aos direitos humanos.
O presidente relata que ultimamente a coleta seletiva continua, porém em escala menor, pois falta recursos materiais para investir, os valores gerados são apenas dos materiais que são vendidos, para os centros de triagens que passa primeiro pelos atravessadores ( pessoas que passam os materiais) por falta de uma empresa de recilagem em nosso município.
O projeto Ecocemar realizado pela Companhia Energética do Maranhão( Cemar) na capital, desde maio de 2011.Com o objetivo trocar resíduos recicláveis por bônus na fatura de energia elétrica e com a destinação do material á indústria de reciclagem em parceria com empresas maranhenses. Contribui assim com o meio ambiente e ajuda a reduzir o valor da conta de energia, já que o cliente recebe o bônus referente ao valor do material reciclável, de acordo com a quantidade e tipo de material entregue no posto de coleta.
Segundo dados da Cemar o total de resíduos que não foram parar no meio ambiente nestes três anos é 4.918.879,67 kg, o que equivale a 4.918 toneladas. Além de Trabalhar com o destino responsável do material à indústria de reciclagem promove a conscientização ambiental por meio da coleta seletiva.
De acordo com as informações da assessoria da Cemar, a cada dia o número de consumidores participantes do projeto aumenta, e com isso a população está ajudando na sustentabilidade ambiental no Maranhão. E ainda de acordo com a Cemar a iniciativa já evitou que 20.818 MWh (megawatt) de energia elétrica fossem consumidos, economia que daria para iluminar uma cidade da extensão de Barreirinhas, com cerca de 20 mil habitantes, por oito meses. (Fonte:oimparcial).